Uma série de angústias
Anguish Series
Essas obras se inclinam imperativamente.
Formas, cores e camadas lançam num só movimento o olhar inquiridor, próprio daquilo que, antes mesmo de ser indagado, impõe a pergunta em sua mudez, que, antes mesmo de ser notado, impõe a vigília em sua cegueira e que, antes mesmo de ser abordado, impõe o movimento em sua paralisia.

Quando a coisa toma de assalto o privilégio de sua própria linguagem, deixa de ser um mero espectro para atingir
um familiar anonimato, em que cada ser humano também pode encontrar sua obliquidade.
Na saída do eixo, a pronta evidência da resposta se esvai na epiderme da tinta, como suor evaporado da então obra,
que, assim, reivindica sua organicidade.

A anterioridade da inclinação, da vigília e da questão não permite mais que o mesmo seja apenas o mesmo
e o outro apenas o outro. O imperativo é a fuga da superfície em direção à marginalidade do abismo, a abandonar
a segura cabotagem e se deixar conduzir pelos perigos do sem fim oceânico. Somente aquilo que foi perdido pode
ser encontrado. Somente a composição pode ser decomposta. Onde está? Onde estou? A resposta não pode estar
nem na primeira nem na última camada. Nem na sombra nem na luz.
Entre.
(Texto: André Fédrê)

Uma série de angústias

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